sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quase

Ainda pior que aconvicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que incomoda , que intristece, que mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, das chances que se perdem por medo, das idéias que nunca sairam do papel por essa mania de viver no outono.

Pergunto-me as vezes, o que nos leva a viver uma vida morna; ou melhor, não me pergunto , contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase sussurrados. Sobra covardia e falta de coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para se decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude tivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-iris em tons de cinza.

O quase não ilumina, não inspira, não aflinge, nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente a paciência, porém, preferir a derrota prévia a dúvida da vitória, é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo o fim é instantâneo ou indolor, não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Autor desconhecido

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